sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Q'ria Ideias na comunicação social


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A estilista que escapou da crise dedicando-se a fazer montras

por JORGE FIEL17 Abril 2009

Helena Prista. Devia ter sido farmacêutica, podia ter sido educadora de infância, mas acabou por ser estilista. Trabalhou para a Mike Davis e C&A antes de se tornar professora. Quando a crise têxtil lhe caiu em cima, inovou. Criou a Q'riaideias, a primeira empresa portuguesa de vitrinismo.

Helena podia ter sido farmacêutica. Era isso que a mãe, dona de uma farmácia, e o pai, professor catedrático de Farmácia, esperavam dela. Mas quando estava a acabar o secundário percebeu que não era por aí que queria ir.

Podia ter sido educadora de infância. Ela adora crianças e ganhou o primeiro dinheiro a fazer baby sitting. Candidatou-se, mas nem chegou a saber se tinha sido admitida ou não no emprego. O desejo de atravessar a vida rodeada de catraios foi uma nuvem passageira.

Começou por ser estilista, uma vocação revelada durante a adolescência - "passava a vida a transformar trapos em coisas vestíveis" e trajava de uma forma extravagante (recorda o sucesso que o vestido estampado que confeccionou com restos de tecido de um sofá fez no Garcia de Orta).

Vibrou com o curso de Estilismo. No final, a vida surgiu-lhe tão fácil de percorrer como uma auto-estrada sem portagens. Ao virar da esquina, Helena Prista arranjou uma bolsa para estagiar na Esmode, em Paris.

No regresso, a Mike Davis contratou-a, concretizando-lhe o sonho de trabalhar como estilista numa marca de renome. Três anos depois estavam a convencê-la a adequar a cada mercado nacional as peças de roupa compradas em Portugal pela C&A.

Até que a criseda indústria têxtil lhe caiu em cima. Foi dar aulas para o Cenatex a depois de a multinacional C&A ter começado a colocar na Turquia as encomendas que faziam cá.

Mudou a agulha e criou um curso de vitrinismo, usando os conhecimentos adquiridos em Paris a fazer decoração de stands para a Première Vision.

O curso foi um sucesso e Helena foi vítima dele, pois chegava a dar 13 horas de aulas por dia, o que a deixava sem tempo para ver crescer as filhas. Ganhou uma vida mais calma ao aceitar o convite da MacModa para andar pelo País a iniciar na arte de fazer montras o pessoal das lojas desta cadeia do grupo Maconde.

Aos 32 anos, Helena percebeu que o que queria era ser vitrinista e criou a Q'riaideias, a primeira empresa portuguesa nesta área.

"A montra serve cada vez mais para vender. Cerca de 90% das vendas decidem-se na montra", afirma, dando como exemplo a Inditex, proprietária da Zara.

"A Inditex não faz publicidade porque não precisa. Aposta na montra. Em média, por estação, um cliente normal detém-se 17 a 20 vezes em frente a uma montar da Zara e apenas seis a sete vezes nas das outras lojas", explica Helena Prista. A directora da Q'riaideias tem em carteira clientes tão diversos como a TMN, os cabeleireiros Schwarzkopf e as lojas-de-pronto a vestir Tiffosi.

Ser pioneira teve os seus custos. No início teve de travar uma luta para conseguir que as Páginas Amarelas aceitassem abrir uma secção de Vitrinismo/Decoração de Montras - queriam classificá-la como decoradora.

E 12 anos depois, o fisco ainda a arruma no CAE (código de actividade económica) "Artistas Plásticos e Outras Actividades Afins". Mas nada a impede de gerir uma empresa "pequena, mas estável e séria" e decorar 80 montras por mês.

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