Foram utilizados materiais tais como o vinil de impressão e transparente, um misto de efeitos translúcidos e opacos de forma a criar um efeito de luz nas montras.
O Q´ria Ideias criou o Layout de Montra.
A Hermès é um óptimo exemplo de empresa que tem apostado cada vez mais em novas formas de comunicação sendo que apenas 1/3 do seu orçamento de marketing será gasto em publicidade convencional. «O resto do orçamento será gasto nas montras, exposições, operações privadas de relações públicas» (Patrick Thomas, director-executivo). Assim assiste-se ao nascimento de um novo paradigma do marketing onde existe a necessidade de comunicar de um para um, ao contrário do que acontecia antigamente onde a comunicação era realizada em massa. No que toca ao caso da Hermès, a internet tem sido um óptimo veículo de comunicação, tem impulsionado as vendas e permitiu realizar uma comunicação e publicidade mais direccionada para o público-alvo.
«Atribuímos a maior parte do nosso orçamento de marketing para salões automóveis», explicou Winkelmann, director-executivo da construtora de carros desportivos Lamborghini. Acrescenta ainda que hoje em dia a publicidade em televisão e revistas está banida e que os salões automóveis, as visitas às fábricas e o “product placement” (aparição de um produto num programa de televisão ou filme) são mais importantes para impulsionar a imagem da marca. Algumas acções deste tipo desenvolvidas pela empresa foram o aparecimento do produto em filmes tais como “Batman: The Dark Knight”e “Missão: Impossível III”. Organizou também a corrida “Gentlemen’s Trophy” exclusivamente para os seus clientes.
Marcas como Montblanc ou Parmigiani Fleurier têm apostado sobretudo em eventos exclusivos para clientes promovendo as relações entre si, presença em feiras e patrocínio a eventos de grande visibilidade.
A "Papélia" e a "Por Vocação" são dois exemplos de lojas no Porto cujas montras ultrapassam o conceito expositivo tradicional. A ideia de montras em mutação é um factor de identidade visual e de empatia com o público.
Tal como a "Por Vocação", a "Papélia", loja técnica para as belas-artes fundada em 1938, é diferente. A começar pelo passeio, em calçada portuguesa, que invade o chão do espaço num prolongamento com a rua e a acabar nas duas montras, que conhecem actualizações frequentes Além da montra comercial, a "Papélia" tem uma segunda vitrina que é uma mini-galeria.
É assim desde 2003 com a exposição Reflexos iniciativa que correu tão bem que ficou o desejo de repetir a experiência. Não seria preciso esperar muito. Em 2004, surgiram na montra doze variações temáticas sobre o galo de Barcelos a propósito da exposição Made In Portugal. No ano seguinte, a propósito do Metropolitano, foi a vez de "4 estações, 4 paragens", uma exposição na montra dividida em quatro fases.
Este ano, é a "Montra Ilustrada" que toma conta da vitrina-galeria "Papélia". Durante uma semana por mês, de Janeiro a Dezembro, a montra é galeria de ilustradores. Mas o objectivo mantém-se: trazer a arte ao comércio, aproximar os conceitos de loja e galeria e apresentar informalmente ao público artistas e o seu trabalho.
A "Papélia" tem já ilustradores atribuídos para todos os meses. Entre os nomes mais conhecidos estão Eduardo Salavisa (previsto para Julho) e o músico portuense Manuel Cruz (previsto para Agosto). A "Montra Ilustrada" abriu em Janeiro com Paulo Patrício, autor do mini-comic "Le Sketch".
Em Fevereiro (entre o dia 26 e 5 de Março), foi a vez do trabalho conjunto de Ana Carvalho e Ricardo Lafuente, ambos com 25 anos e licenciados em Design de Comunicação pela FBAUP. "O convite surgiu na sequência da edição do livro "Eggs & Ham in Rotterdam", explica Ricardo ao JPN. O livro é uma compilação de pequenas estórias escritas e ilustradas pelos dois enquanto faziam um mestrado na Holanda.
Para Ricardo, "tem imenso sentido reformular a velha ideia da montra como mostruário de produtos para venda" até porque o híbrido loja-galeria é um passo lógico considerando que a "Papélia" "é um art-store e só faz sentido juntar as duas dimensões". O jovem designer já apreciava o "imenso cuidado" na montagem de montras da "Papélia", mas diz que "convidar pessoas de fora é uma iniciativa muito bonita, na medida em que considera e acolhe o trabalho elementos do universo criativo em geral".
Para além da vertente artística, as montras transfiguradas da "Papélia" são também "bem-vindas no actual cenário de falta de espaços de exposição para uma nova geração de criadores", reflecte o criador.
O critério de selecção, explica Regina Pinheiro, artista plástica e colaboradora da "Papélia" há vários anos, é informal porque se baseia em pesquisa e contactos na internet, para além do constrangimento temporal. A reacção deixa-a satisfeita: "Temos recebido e-mails de pessoas que gostariam de participar, as pessoas são muito receptivas ao projecto e mostram muito entusiasmo", diz.
A participação na "Montra Ilustrada", na última quinta-feira de cada mês, vale pela oportunidade e não é renumerada, baseando-se numa parceria entre a loja como galeria e os artistas enquanto clientes de material técnico. Por exemplo, Eduardo Salavisa é conhecido do grande público pelo blogue Desenhador do Quotidiano, produzido num diário gráfico, material que a "Papélia" vende. "Há sempre uma ligação muito ténue entre o que esta na montra como arte e como produto", diz Regina Pinheiro. "É uma espécie de sinergia", conclui.
Por Miguel de Azevedo Carvalho
13-03-2009 - Jornalismo Porto Net
in: http://jpn.icicom.up.pt/2009/03/13/vitrinismo_para_que_serve_uma_montra.html